O Reflexo de um Amor Platônico
Há um tipo de amor que não exige presença física, promessas ou reciprocidade. Ele vive na mente, dança nos devaneios e encontra conforto em silêncios. O amor platônico, tão puro quanto as primeiras chuvas da primavera, tem o poder curioso de transformar quem o sente, ainda que nunca toque o objeto amado.
Ele chega de mansinho, sem avisar, na forma de um sorriso que não se esquece, de um olhar que parece desarmar qualquer armadura. A partir desse instante, tudo muda. Quem ama assim, de longe, descobre em si mesmo uma nova capacidade de enxergar beleza onde antes havia monotonia. É como se o mundo ganhasse mais cores, mais sons, mais vida.
A pessoa que ama platonicamente não faz isso para conquistar, mas porque amar é, por si só, um privilégio. A inspiração vem daquele amor invisível, e isso a incentiva a cuidar mais de si mesma: um perfume novo, uma roupa melhor escolhida, uma vontade quase infantil de ser a melhor versão de si. Não para impressionar, mas porque o simples ato de amar renova as forças e acende o desejo de estar bem.
Com os olhos do amor, até o cotidiano se transforma. O céu parece mais azul, o vento carrega segredos doces, e as músicas antigas ganham significados novos. Não há tristeza na falta de correspondência, pois o sentimento, leve como uma folha ao vento, já é suficiente para aquecer o coração.
É nesse cuidar-se, nesse redescobrir do mundo, que o amor platônico cumpre sua mágica. Ele ensina que amar, mesmo à distância, é um ato de coragem e esperança. A pessoa que ama assim não precisa de garantias; basta o sonho, basta a luz que esse amor projeta no caminho. E, no final, ela percebe que o maior presente do amor platônico não é o outro, mas a transformação que ele traz dentro de si.
E quem sabe, ao dobrar uma esquina qualquer, o destino não se inspire e decida fazer da fantasia realidade? Até lá, amar já é suficiente.
Zezo Freittas
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