As eleições municipais de 2024 em Teresina estão se transformando em um campo de batalha marcado por agressividade crescente e questionamentos sobre a transparência do processo eleitoral. Nos últimos dias, a disputa, que deveria girar em torno de propostas e debates saudáveis, ganhou contornos preocupantes, deixando a população inquieta com o futuro da cidade e o rumo da política local.

Um dos pontos mais sensíveis é a crescente descredibilidade dos institutos de pesquisa. Antes vistos como termômetros da vontade popular, hoje enfrentam uma onda de desconfiança. Candidatos acusam pesquisas de serem manipuladas, levantando dúvidas sobre os critérios utilizados e os interesses por trás dos números. A pergunta que fica é: quem realmente está na frente? Ou, mais importante, quem está ditando os resultados?

Mas o que mais tem chamado a atenção é o comportamento de servidores e funcionários públicos estaduais, cuja atuação se afastou do esperado profissionalismo para se alinhar a uma campanha eleitoral. Em diversos relatos, trabalhadores, especialmente os que não possuem estabilidade, como contratados e temporários, vêm sendo pressionados a comparecer a reuniões políticas de certo candidato. A participação nesses eventos, ao que tudo indica, não é mais uma escolha voluntária, mas uma imposição velada, com ameaças veladas sobre a continuidade do emprego.

Nas escolas públicas, a situação chega a ser alarmante. Diretores de instituições educacionais estão usando redes sociais oficiais para divulgar abertamente candidatos, desrespeitando o princípio da neutralidade que deveria reger o espaço público. Mais grave ainda, há denúncias de mensagens enviadas a contratados, praticamente obrigando-os a comparecerem em atos de campanha, sob pena de represálias indiretas. Isso fere não só a autonomia dos trabalhadores, mas também o próprio ambiente escolar, que deveria ser preservado de influências político-partidárias.

O clima tenso das eleições de Teresina reflete uma política que se distancia dos valores democráticos e se aproxima cada vez mais de um cenário de coação e medo. E se a política é o reflexo de nossa sociedade, o que estamos vendo nas eleições de 2024 é um retrato sombrio de práticas que subvertem o processo democrático.

Resta saber até que ponto a população, os eleitores de Teresina, estarão dispostos a aceitar esse jogo. Porque a verdadeira mudança começa quando o voto é livre — e não forçado.